sábado, 26 de janeiro de 2008

CASTANHA-DO-BRASIL(PARÁ)

A Carne Vegetal da Amazônia
A Cutia (Dasyprocta aguti Linnaeus, 1766) (também conhecida como cotia) é um mamífero roedor, da família Dasiproctidae, gênero Dasyprocta, de pequeno porte (medindo entre 49 e 64 cm). Sete espécies de cutias habitam o território brasileiro.As cutias têm apenas vestígio de cauda, extremidades anteriores bem mais curtas que as posteriores, e pés compridos com cinco dedos, sendo três desenvolvidos, com unhas cortantes equivalentes a pequenos cascos, e o quinto dedo muito reduzido. Herbívoras, as cutias se alimentam de sementes e frutos. Costumam fazer uma coleta cuidadosa na época de abundância para utilização em épocas de escassez. Sua coloração é variável entre as espécies.
A castanha-do-Brasil, antes conhecida como castanha-do-pará, é uma semente, do fruto da castanheira, Conhecida como a Rainha da Floresta Amazônica, a majestosa castanheira pode atingir até 50 metros de altura e mil anos de idade. Considerada uma das maiores riquezas na região dos castanhais amazônicos, é cada vez mais valorizada no mercado por seu alto valor nutritivo e sua relação com a conservação ambiental; é a única semente comercializada internacionalmente que tem que ser coletada na floresta. Tentativas de cultivar a castanheira para exploração comercial falharam, pois a árvore só produz o fruto no habitat natural.
Nome científico: Bertholletia excelsa H.B.K.Família botânica: LecythidaceaeOrigem: Região amazônica brasileira - basicamente Pará, mas encontra-se também nos Estados de Rondônia, Acre, Amazonas e norte de Goiás e Mato Grosso. Também é encontrada na Amazônia peruana e boliviana.
Nome popular: castanha; castanha-do-pará, castanha-do-brasil, juviá, touca, tucá, tocari, árvore: castanheira-do-Brasil, castanheira-do-Pará, amendoeira-da-américa, Traduções: paranussbaum, para-nuss (alemão), nuez del brasil (casteliano), castaña de pará (espanhol), brazil nut, brazilnut, brazilnut-tree, creamnut, paranut (inglês), castagna di Pará (italiano).
Características da planta: Encontradas na floresta de terra firme da Amazônia, a Castanheira-do-Brasil é uma árvore de grande porte que se sobressai acima da copa de outras árvores, podendo atingir até 50 metros de altura. Seu tronco pode chegar a diâmetros de mais de 4 metros, ou roda de 10 a 12 metros. Possui tronco ereto e liso, ramificando-se somente na sua porção superior numa copa proporcionalmente pequena. Tem casca escura e marcada por fendas longitudinais; folhas simples, onduladas e brilhantes, de coloração verde-escura. e flores branco-amareladas vistosas e aromáticas que aparecem de novembro a fevereiro.
Desenvolvem-se melhor em clareiras e em áreas não alagadas, com solos argilosos ou argilo-arenosos. As abelhas grandes polinizam suas flores únicas e a cutia é o único animal conhecido que dispersa suas castanhas. Ela abre o ouriço, tira as castanhas, come algumas e enterra outras para comê-las depois. Aquelas que não são desenterradas podem nascer.
Cultivo: Plantam-se as sementes, mudas ou enxertos em covas profundas e solo bem adubado, na estação chuvosa. Preferem regiões de clima quente e úmido.Fruto: Também chamados de "ouriços" pelos nativos, o fruto da castanheira é, caracteristicamente, uma cápsula globosa, com uma casca lenhosa de coloração castanho-escura e superfície espessa e bastante dura. Têm de 10 a 15cm de diâmetro e pesam, em média, cerca de 900g, podendo atingir quase dois quilos.
Quando os "ouriços" amadurecem (de dezembro a março), eles despencam do alto da castanheira, devendo ser apanhados no chão. Por seu peso e pela altura das castanheiras, esses frutos, muitas vezes, alcançam o chão com tal força e velocidade que, dependendo do tipo de terreno, afundam no solo.Com dimensões e forma equivalentes às de um crânio humano normal, o fruto da castanheira constitui-se em uma resistente cápsula que não se abre espontaneamente (para liberas as sementes é preciso romper a sua porção inferior). Abriga em seu interior, envoltas em polpa amarela, .um número variado de sementes - entre 10 a 25. Essas sementes, cujo tamanho varia entre 4 a 7 centímetros de comprimento, por sua vez, têm também uma casca bastante dura e rugosa e encerram a amêndoa tão procurada.
A Amêndoa
A amêndoa é muito rica em gordura vegetal de boa qualidade que auxilia na oxidação de gorduras ruins como o LDL colesterol.
Altamente nutritiva, a castanha tem tanto valor proteico e calorias que é considerada por muitos como uma carne vegetal. Possui de 12 a 17% de proteínas nas castanhas e 46% de proteínas na farinha sem gordura, enquanto a carne de gado tem de 26 a 31% de proteínas. A proteína da castanha é quase equivalente à do leite da vaca, contendo aminoácidos completos. A proteína contida em apenas duas amêndoas equivale à de um ovo de galinha.
A castanha-do-Brasil também tem minerais como o fósforo, potássio e vitamina B. Em adição, 100g de castanha contém 61g de gordura; 2,8mg de ferro; 180 mg de cálcio e 4,2mg de zinco.
Além de proporcionar energia e proteínas, vitaminas e minerais ao organismo, a castanha-do-Brasil possui uma impressionante presença de selênio, um potente antioxidante que protege as células contra os radicais livres, além de conter bons níveis de Vitamina E
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Na alimentação
Pode ser consumida fresca ou assada, sendo um tira-gosto muito apreciado em todo o mundo. A castanha-do-Brasil participa, também, como ingrediente de inúmeras receitas doces e salgadas. Quando ralada (crua) e misturada com água obtêm-se um leite usado na culinária que pode até substituir o leite de vaca (para saber como fazer o leite, clique aqui).
Da semente também são extraídos o óleo e o extrato de castanha-do-Brasil . Com coloração clara, quase transparente, e o um sabor suave e agradável, o óleo dá um toque especial delicioso quando usado em saladas e refogados, bem como em outras receitas culinárias, Recomenda-se o consumo de 5 a 10 g/dia, equivalente a 1 a 2 colheres de sopa/dia. Cada 1g de óleo equivale a 9 cal. Este produto pode ser utilizado por adultos e crianças sem qualquer contra-indicação.
Constituintes químicos: ácido alfa-linoléico, ácido linoléico, ácido oléico, ácido palmítico, ácido esteárico, antimônio, cálcio, cério, césio, escândio, esteróis, európio, éter estearina, excelsina, ferro, fósforo, iodo, itérbio, lantânio, lutécio, oleina, proteínas, samário, selênio, tântalo, tungstênio e vitamina B.
Propriedades medicinais: antioxidante, emoliente, energizante, hidratante, inseticida, nutritiva. Indicações: evitar a formação de radicais livres (o selênio de uma castanha é maior que a necessidade diária do organismo), fígado, anemia, hepatite, desnutrição. Esmagadas cruas, servem para cauterizar feridas. A água colocada dentro do ouriço, ou a água do umbigo do ouriço, para anemia, hepatite, desnutrição, malária e como energizante. Na medicina popular a casca do caule deste vegetal é utilizada como chá ou sumo para o tratamento de moléstias crônicas do fígado e como antimalárica, e a água do fruto contra hepatite.

Conservação:
Devido ao seu alto teor de gordura, a castanha-do-Brasil, assim como o coco, podem adquirir um paladar rançoso. Para evitar isso, além de ficar atento à data de validade das embalagens dos produtos beneficiados, convém conservá-las, com casca ou sem, na geladeira.
A casca das castanhas é o mais eficiente meio de conservação, protegendo as amêndoas dos agentes oxidantes, permitindo a manutenção da sua qualidade sem maiores alterações. Sob refrigeração, a manutenção da qualidade das castanhas em casca e descascadas é de, pelo menos, 4 meses.
Partes utilizadas:
Castanha (semente) - pode ser consumida pura ou usada como ingrediente de diversas receitas de doces e salgados.
Subprodutos:
Leite
Óleo e extrato Graças à sua composição graxa, o óleo da castanha-do-Brasil também é utilizado como matéria-prima na fabricação de produtos farmacêuticos, cremes de limpeza, hidratantes, batons, sabonetes finos, xampus e condicionadores;
Ouriço - Uso medicinal. Também é empregada na fabricação de objetos como cinzeiros, farinheiras e adornos. A entrecasca fornece uma espécie de tecido natural usado pelos indígenas em suas vestimentas.
Casca - Oerece fibras úteis para calafetar embarcações.
Caule: A madeira do castanheiro, rija e compacta, serve para construção civil e naval, mas hoje é ilegal derrubar castanheiras.
Importância Econômica
Após a decadência da borracha, a castanha-do-Brasil passou a constituir o principal produto extrativo para exportação da Região Norte do Brasil, na categoria de produtos básicos. A exploração de exemplares nativos desta árvore é protegida por lei (Decreto 1282 de 19 de outubro de 1994) e seu fruto tem elevado valor econômico como produto extrativo florestal, mas não impede seu plantio com a finalidade de reflorestamento tanto em plantios puros quanto em sistemas consorciados.
A castanheira-do-Brasil é uma das mais importantes árvores amazônicas conhecidas e sua exploração tem um papel fundamental na organização sócio-econômica de grandes áreas extrativistas da floresta. A colheita e beneficiamento das sementes constitui importante atividade econômica das populações amazônicas. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a região amazônica é responsável por 98% da produção nacional da castanha, atividade que reúne aproximadamente um milhão de pessoas só no território amazônico. Toda a produção é derivada da exploração dos castanhais nativos, feita por um tipo de trabalhador da região, o castanheiro. A colheita se faz de janeiro a julho.
Desde 1980, o Brasil tem uma produção anual de 40.000 toneladas. Castanhais nativos produzem de 16 a 120 litros de sementes por hectare. Uma castanheira nova produz de 30 a 50 ouriços por ano, enquanto as árvores maduras, de 200 a 400 anos, podem chegar a produzir 1000 ouriços em apenas um ano. E, ainda, essa alta produtividade pode ocorrer em anos alternados.
As sementes da castanha-do-Brasil são objeto de intenso comércio, tendo cotação nas bolsas mundiais sob as designações de Brazil nuts ou Para nuts. É exportada para Inglaterra, França, Estados Unidos e Alemanha. Cerca de 20 mil famílias que moram na floresta extraem e vendem castanhas. O Brasil fornece 75% da produção mundial de castanha-do-pará, alcançando 45 mil toneladas anualmente. O comércio internacional é estimado em R$ 32 milhões.
Consumo Interno
O consumo interno, no entanto, irracionalmente (já que seria um alimento fundamental para combater a desnutrição no país), é mínimo (cerca de 2% da produção nacional). Entre as razões para o reduzido consumo, podem estar a baixa qualidade de conservação das castanhas e a dificuldade de se quebrar a casca. O gosto rançoso, derivado da má conservação parece ser o principal motivo da rejeição entre os brasileiros. Mas isso se resolve com mais informação e com o aprimoramento das técnicas de conservação, o que vem sendo objeto de estudo de muitos pesquisadores, já com resultados eficientes comprovados.
Realidade da produção hoje
O resultado da exploração dos castanhais nativos, alem de servir para o sustento de uma grande parcela das populações da região amazônica, tem alcançado índices bastante relevantes no montante das exportações do pais. No entanto, nos últimos tempos, com o avanço da fronteira agrícola na Amazônia, milhares de castanheiras tem sido derrubadas pelas motos serras dos exploradores da madeira, pois, alem dos valiosos frutos, a castanheira produz valiosa madeira. Apesar de ilegal, este comércio vem causando uma significativa redução dos castanhais nativos, especialmente na região conhecida como Polígono dos Castanhais, no Estado do Pará. Em contraponto, outras localidades, no Acre e em Rondônia, por exemplo, vivem experiências muito bem sucedidas de exploração racional dos frutos da floresta. Ali, com o estabelecimento das chamadas reservas extrativistas, os trabalhadores, organizados em cooperativas, fazem a coleta da castanha e cuidam de seu pré-processamento, armazenando grandes quantidades. Assim, podem negociar diretamente com os grupos nacionais e estrangeiros interessados e conseguem obter melhores valores por seu produto. Mas não e só isso: experimentos desenvolvidos pelo Centro de Pesquisa Agro Florestal da Amazônia Oriental, da EMBRAPA de Belém do Pará, tem demonstrado que, ao lado de outras essências florestais, a castanheira-do-Brasil é excelente alternativa para o reflorestamento de áreas degradadas de pastagens ou de cultivos anuais. Assim, espera-se que, motivados pelos lucros advindos tanto da produção de frutos como da extração racional de madeira reflorestada, muitos proprietários e investidores se voltem para o cultivo da castanha-do-Brasil, deixando os castanhais nativos e seculares em paz.
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