quinta-feira, 26 de junho de 2008

Pequizeiro



Caryocar Brasiliensis, Camb


Cariocariáceas


O pequi é de notável poder nutritivo, sendo pôr isso aconselhável como excelente tônico.

Usa-se igualmente nas doenças das vias respiratórias.

Em janeiro, o ar da região e das cozinhas do Cerrado recende ao perfume desprendido por uma frutinha chamada pequi.

Primeiro, são os animais silvestres que se alvoroçam: abelhas e outros insetos; pássaros de todos os tamanhos; pequenos e médios roedores e os mamíferos do Cerrado; pacas, cotias, tatus, preás, veados...

Depois os homens: famílias inteiras se deslocam para iniciar a "apanha" do pequi, que se desprende facilmente dos ramos das árvores nativas, espalhando-se pelos cerrados e matas do Brasil Central. Logo mais, a fruta já pode ser encontrada por todo lado, nas pequenas vilas ou nas ruas centrais de cidades grandes como Goiânia, Brasília e até Belo Horizonte, onde ambulantes vendem o pequi recém-colhido.

O fruto, do tamanho de uma pequena laranja, está maduro quando sua casca, que permanece sempre da mesma cor verde-amarelada, amolece.

Partida a casca, encontram-se, em cada fruto, uma, duas, três ou quatro amêndoas tenras envoltas por uma polpa amarela, branca ou rósea, o verdadeiro atrativo da planta. A única contra-indicação são os espinhos finos, minúsculos e penetrantes existentes bem no núcleo do caroço, sendo preciso muito cuidado ao mastigá-lo para chupar a polpa.

O pequi é muito apreciado nas regiões onde ocorre: o arroz, o frango e o feijão cozidos com pequi são pratos fortes da culinária regional; o licor de pequi tem fama nacional; e há, também, uma boa variedade de receitas de doces aromatizados com seu sabor.

Apesar disso, não há unanimidade: existem pessoas que não podem nem mesmo sentir o penetrante cheiro do fruto maduro. Outras, no entanto, que o apreciam verdadeiramente, não conseguem passar pela safra do pequi sem consumi-lo aos montes, aproveitando o desejo contido durante o resto do ano.

Atualmente é possível encontrar a polpa do pequi ou a própria fruta inteira congelada, mas os seus amantes dizem que não há nada como o pequi apanhado e degustado na época da maturação.

Altamente calórico, além do sabor perfumado e único que faz com que seja usado como ingrediente e condimento no preparo de vários pratos, a polpa do pequi contém uma boa quantidade de óleo comestível (cerca de 60%) e é rico em vitamina A e proteínas Assim, transforma-se, também, em importante elemento na complementação alimentar e na nutrição de toda uma população.

A amêndoa do pequi, pela alta porcentagem de óleo que contém e por suas características químicas, pode ser também utilizada com vantagem na indústria cosmética para a produção de sabonetes e cremes.

Infelizmente, para seu próprio azar, a madeira da árvore do pequi produz, também, um excelente carvão vegetal, que tem sido largamente explorado. Nos últimos anos, o fogo das caieiras e das queimadas tem sido o maior responsável pela considerável diminuição dos exemplares nativos do pequizeiro no Cerrado. E, assim, a árvore de frutos tão apreciados e nutritivos já está correndo risco de extinção.

Nomes e tipos
Pequi maduro no pequizeiro, antes de cair O pequi, como é mais conhecido e como foi tratado até aqui, é identificado no dicionário de Pio Corrêa como piquiá-bravo.

Qualquer que seja o nome que se lhe atribua, trata-se do fruto que nasce em uma árvore de tamanho médio é que é própria do Cerrado brasileiro.

No mesmo livro de Pio Corrêa, aparece um outro fruto, bastante semelhante ao anterior, que é denominado piquiá-verdadeiro. A este, estamos simplesmente chamando de piquiá (Caryocar villosum).

Se o pequi floresce e frutifica no Cerrado, o piquiá é típico das matas amazônicas de terras firmes.

Assim como o pequizeiro, 0 piquiazeiro tem muita importância para as populações interioranas, que ainda preservam 0 hábito de cultivá- lo. E, no entanto, raramente cultivado nas grandes cidades amazônicas, embora alguns exemplares sejam encontrados ornamentando ruas e praças de Manaus.

Ambos os frutos, pequi e piquiá, têm as mesmas características: a polpa do fruto do piquiazeiro, cozida ou crua, é também comestível, constituindo-se em fonte de gordura e alimento.

A grande e notável diferença entre as duas espécies residem nas dimensões da planta como um todo. Em oposição à árvore que dá o pequi, o piquiazeiro é muito alto, alcançando até 40 metros de altura na mata fechada e apresentando, em sua base arredondada, um diâmetro que pode chegar aos 5 metros de extensão.

Reside ai um dos grandes segredos da natureza: a capacidade de adaptação das espécies aos ambientes em que se desenvolvem.

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