sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Comer plantas pode mudar nossas células

O que comemos influencia o nosso corpo? Claro, a quantidade de açúcar, gordura ou proteínas que ingerimos podem influenciar o nosso peso. Mas para além disso, novas pesquisas indicam que compostos especiais de plantas podem alterar a forma como nossos corpos usam nossos genes e proteínas.

Chamados de microRNAs, estes compostos são os agitadores de nossas células, elevando e reduzindo os níveis de nossas proteínas. Até agora, os cientistas acreditavam que essas substâncias só eram produzidas pelo corpo humano, mas descobriram que os microRNAs produzidos por plantas podem entrar no corpo humano.

Na China, pesquisadores encontraram níveis baixos de microRNAs de arroz em tecidos humanos. Depois de testar os efeitos destes produtos químicos em ratos, concluiram que a substância pode realmente afetar o modo como o corpo humano funciona.

Esses microRNAs podem representar uma nova classe de moduladores universais, que mediam as interações animal-planta. Os da planta podem representar moléculas essenciais em alimentos e ervas medicinais e também fornecer uma nova estratégia terapêutica para o tratamento de doenças.

Mas nem todos os pesquisadores concordam com a descoberta.

Para alguns deles, as concentrações de microRNA de plantas encontrados nos tecidos humanos são muito menores do que as utilizadas nos experimentos de laboratório. Níveis tão baixos podem não ter qualquer consequência de alterações fisiológicas sobre o corpo humano.

O trabalho do gene é produzir proteínas. Ele começa com uma molécula chamada DNA, que serve como “arquivo” do seu código genético inteiro. Partes do arquivo podem ser impressos em uma segunda molécula chamada mRNA, como uma página você pode ler e jogar fora. Essa página contém as instruções para fazer uma única proteína.

Depois, há microRNAs, que são pequenos pedaços de RNA que se ligam aos mRNAs, impedindo-os de serem lidos, e portanto, parando a produção dessa proteína. Os microRNAs basicamente silenciam os genes aos quais se associam e são usados para modificar muitos processos no corpo, incluindo a forma como as nossas células crescem e morrem.

Os pesquisadores estudaram amostras de sangue e de tecidos de homens e mulheres chineses, cujo principal prato é o arroz, à procura de microRNAs da planta. Os pesquisadores descobriram que esses microRNAs podem sobreviver mesmo passando pelo processo de digestão e chegar no sangue humano.

Eles decidiram se concentrar em um microRNA específico, chamado MIR168, e descobrir se ele poderia mudar células de camundongos. Ao estudar a sequência, eles descobriram que o MIR186 provavelmente se liga ao mRNA de uma proteína que controla a quantidade de células de colesterol jogadas na corrente sanguínea. Se os níveis desse mRNA caem, aumenta o nível de colesterol ruim no sangue.

Quando os ratos foram alimentados somente com arroz, o nível de MIR168 aumentou, enquanto o da proteína diminuiu – e os níveis de colesterol subiram.

A descoberta é obviamente muito intrigante. Indica que, além de comer materiais (na forma de carboidratos, proteínas, etc), você também está comendo ‘informação’.

A medida em que os microRNAs das plantas podem estar afetando a saúde humana ainda está em debate. Os níveis de MIR168 ingeridos pelos ratos foram 4 mil vezes maior do que em dieta normal e os efeitos observados nas células eram pequenos.

Surpreendente e interessante é. Resta saber os verdadeiros impactos para o seres humanos.[LiveScience]
Por Patricia Herman em 6.10.2011 as 16:00
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