quinta-feira, 17 de maio de 2012

Pesquisa revela propriedades anti-tumorais do abacaxi

Cientistas do Queensland Institute of Medical Research (QIMR) descobrem, em estudos laboratoriais, duas moléculas com atividade anti-tumoral existentes no abacaxi . Trata-se de duas moléculas de bromelina. Uma das moléculas, a CCS, bloqueia uma proteína conhecida como Ras, a qual é um oncogene, ou seja, participa da síntese de células tumorais de diversos tumores como os de pulmão, cólon, pâncreas e as leucemias. 

A outra molécula, chamada CCZ, estimula o sistema imune do organismo a destruir células tumorais. Estas moléculas podem permitir a produção de novos medicamentos contra o câncer.
Tracey Mynott (pesquisadora do QIMR) e colaboradores descobriram essas moléculas enquanto investigavam as propriedades da bromelina, enzima presente no abacaxi que tem a capacidade de dissolver proteínas. Com isto, é capaz de amacear carnes vermelhas e aves, clarear cervejas e tingir tecidos de couro. Eles descobriram que a bromelina também possui propriedades farmacológicas. Pode ativar células imunes específicas e, simultaneamente, bloquear a função imune de outras células.

A pesquisadora acredita que diferentes componentes desta mistura podem ser responsáveis pelos efeitos biológicos da bromelina. "Procurando por estes componentes nós descobrimos as proteínas CCS e CCZ, que podem bloquear o crescimento de uma variedade de células tumorais incluindo células da mama, pulmão, cólon, ovário e pele", diz Tracey Wynott.

De acordo com o National Cancer Institute, o câncer ultrapassou as doenças cardíacas como causa de morte nos Estados Unidos. A incidência cresce com a idade, com aproximadamente 80% dos cânceres ocorrendo em pessoas com mais de 55 anos. A principal limitação das terapias contra câncer é que não são específicas e podem atingir tanto células tumorais quanto células sadias.Tratamentos futuros devem ser mais específicos e seletivos para células tumorais.

Uma característica interessante da CCS e da CCZ é que elas são proteases. As proteases quebram proteínas, são enzimas degradativas, como no processo de digestão. Outras pesquisas sobre proteases focaram no seu potencial de causar danos. CCS e CCZ são os primeiros exemplos de proteases que mostraram sinais de transdução celular e têm atividades imunomoduladoras específicas.

Estas proteases representam uma maneira totalmente nova de tratar doenças e, possivelmente, uma nova classe de medicamentos anti-câncer. Produtos com mecanismos novos de ação são grandes descobertas no tratamento e na prevenção de doenças.

QIMR está aguardando incentivos financeiros do National Health and Medical Research Council para estudos adicionais sobre a CCS e a CCZ e o desenvolvimento de novos medicamentos. A intenção é dar continuidade a um projeto de pesquisas de dois anos. Se todos os objetivos da pesquisa forem demonstrados, CCS e CCZ vão atrair investimentos futuros da indústria farmacêutica e rapidamente participar de clinical trials em humanos.


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