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terça-feira, 7 de abril de 2009

Cubiu


O cubiu (Solanum sessiliflorum) é um fruto bastante nutritivo de sabor e aroma agradáveis. Na Amazônia, o cubiu é usado pelas populações tradicionais como alimento, medicamento e cosmético.

O fruto do cubiu pode ser consumido ao natural, ou principalmete como tira gosto de bebidas, ou processado para sucos, doces, geléias e compotas. Pode ainda ser utilizado em caldeirada de peixe ou como tempero de pratos à base de carne e frango. O cubiu pode também ser utilizado no tratamento da anemia, da pelagra e no controle dos níveis elevados de colesterol, ácido úrico e glicose no sangue. Os índios peruanos Waonrani utilizam as folhas, galhos e raízes das plantas jovens, fervidas e maceradas, para tratar de mordidas de aranhas e cicatrizar ferimentos externos. O suco do cubiu pode ser utilizado para dar brilho aos cabelos.

O cubiu é popularmente conhecido como topiro e tupiro no Perú, cocona na Colômbia, Peru e Venezuela, tomate de índio no Estado de Pernambuco, orinoco apple e peach tomato nos países de língua inglesa. É originário da Amazônia Ocidental, onde foi domesticado pelos Índios pré-colombianos, e ocorre em toda a Amazônia brasileira, peruana, colombiana e venezuelana.

A planta pode produzir de 30 a 100 toneladas de frutos por hectare. Em testes de processamento, observou-se que 10 quilos de frutos podem ser transformados em aproximadamente 3 quilos de doce e 1,5 quilo de geléia ou 7,5 litros de suco puro. Portanto, uma plantação com um rendimento de 70 toneladas por hectare poderá render 21 toneladas de doce e 10,5 toneladas de geléia ou 52.000 litros de suco por hectare.

O cubiu é um arbusto ereto e ramificado de ciclo anual, com altura variando de 80 centímetros a 2 metros.

Exigências de clima e solo

O cubiu é uma planta que cresce bem em regiões de clima quente e úmido com temperatura média entre 18 e 30ºC e umidade relativa de 85% no decorrer do ano. Apesar de ser uma espécie que necessita de luz, pode crescer na sombra, mas, nesta condição, a produção de frutos é reduzida.

O cubiu está adaptado tanto a solos ácidos de baixa fertilidades, quanto a solos neutros e alcalinos de boa fertilidade, com textura desde argilosa até arenosa. Esta espécie pode ser cultivada desde regiões ao nível do mar, até 1.500 metros de altitude.


Composição média por 100 gr. de polpa de cubiu:

Componente Quantidade Unidade
Água 88,50 gramas
Proteína 0,90 gramas
Fibra 9,20 gramas
Cinzas 0,70 gramas
Cálcio 16,0 miligramas
Fósforo 30,00 miligramas
Ferro 1,50 miligramas
Caroteno 0,18 miligramas
Tiamina 0,06 miligramas
Riboflavina 0,10 miligramas
Niacina 2,25 miligramas
Ácido ascorbico 4,50 miligramas
Valor energético 41,00 calorias



Propagação e cultivo

O cubiu é propagado exclusivamente por sementes. A semeadura pode ser feita em qualquer época do ano em copos e sacos plásticos ou de papel, em bandejas de isopor ou em canteiros comuns com 1,0 metro de largura por 10 centimetros de altura. O comprimento dever ser compatível com a quantidade de mudas que o agricultor deseja cultivar. Com 30 gramas de sementes viáveis é possível produzir 10.000 mudas suficientes para cultivar uma área de um hectare, adotando espaçamento de 1,00 x 1,00 metro. Se a semeadura for feita em copos, sacos ou bandejas, é aconselhável fazer o desbaste, deixando a planta mais vigorosa.

O substrato para enchimento dos recipientes que irão receber as sementes deve conter partes iguais de solos arenoso e argiloso e esterco (1/3+1/3+1/3). Em condições favoráveis de temperatura e umidade, as sementes iniciam a germinação a partir do sétimo dia após a semeadura.

O plantio definitivo pode ser feito entre 45 e 60 dias após a semeadura, fase em que as plantas apresentam três a quatro folhas definitivas.

As covas devem ser abertas com o tamanho mínimo de 20 centímentros de largura por 20 centímetros de comprimento e 20 centímetro de altura. Se o solo for propenso ao encharcamento, é recomendável abrí-las sobre leiras de 20 centímetros de altura.

O cubiu pode crescer sem o uso de fertilizantes, mas neste caso, a produção de frutos é muito baixa. O maior rendimento alcançado nos experimentos realizados por pesquisadores do INPA foi utilizando os seguintes adubos e doses por planta no ato do plantio:

  • 1 quilo de matéria orgânica (esterco curtido ou qualquer composto orgânico);
  • ramas de superfosfato triplo;
  • 50 gramas de cloreto de potássio;
  • 10 gramas de uréia.

Aos quinze dias após o transplante, é recomendável aplicar 10 gramas de uréia por planta em cobertura e repetir a dosagem mensalmente, até o início da colheita.

Na época seca, recomenda-se irrigar o plantio e utilizar a cobertura morta, a qual consiste na colocação, em torno da planta, de palha, capim, casca de arroz ou resíduos de serraria. A cobertura morta evita o aquecimento do solo e permite a conservação de sua umidade por um perído de tempo mais prolongado.

Pragas e doenças

Pragas

Na Amazônia, a presença de numerosas espécies da família Solanaceae, espontâneas e vizinhas às áreas onde o cubiu é cultivado, constitui uma fonte de infestação. As pragas mais frequentes são as vaquinhas, ácaros e pulgões.

O controle pode ser feito, respectivamente, por meio de pulverizações com os seguintes agrotóxicos: Azimphos Ethil (Guzathion 400), Dicofol (Kelthane 185E) e Methamidophos (Tamarom 600 E), nas proporções indicadas pelo fabricante.

Doenças

Na fase de sementeira, a doença mais comum é a 'mela.' Esta moléstia é causada por fungos conhecidos como Pythium sp. e Rhizoctonia solani. Geralmente, isso ocorre quando o solo utililizado na sementeira está contaminado e um grande número de plantas muito novas ficam confinadas num espaço muito pequeno.

Os métodos simples para evitar que organismos patogênicos ataquem as plantas de cubiu na fase de sementeira são os seguintes:

  1. tratamento do solo por meio de solarização (consiste em cobrir o solo com plástico transparente e deixar pelo menos 30 dias exposto ao sol);
  2. regar o solo com uma solução de água sanitária (hipoclorito de sódio), numa proporção de 2,5 litros por 7,5 litros d'água;
  3. utilizar solos de florestas virgens.

No campo foi constatado murchamento de plantas com presença do fungo Sclerotium rolfsii. Entretanto, na mesma área foram encontradas plantas não atacadas, sem sintomas de murchamento, indicando variabilidade genética para resistência a esse organismo.

Como medida de controle preventivo, recomenda-se a prática de rotação de culturas, a queima e a aplicação por meio de pulverizações, de Benomyl (Benlate 500), em forma de solução (30 gramas do pó molhável por 20 litros d'água) na região do colo da planta, uma vez ao mês.

Colheita

A colheita começa aproximadamente aos sete meses após a semeadura. Os frutos são considerados maduros quando apresentam a coloração amarela. São muito resistentes ao transporte e podem ficar armazenados em geladeiras, mantendo a sua conservação por um período de tempo muito prolongado. Em caso da inexistência de locais adequados para armazená-los, recomenda-se deixá-los, em locais frescos e bem arejados.

Comercialização

Geralmente, a comercialização do cubiu é feita em pequena escala por produtores rurais nas feiras e mercados das cidades interioranas.

Alguns agricultores, no entanto, estão cultivando áreas superiores a dois hectares e os frutos estão sendo comprados e utilizados pelos japoneses para extração de pectina, que é uma substância adicionada no processamento de outras frutas para dar o "ponto de geléia".

O cubiu apresenta potencialidades para a agricultura moderna, dadas a sua rusticidade, boa capacidade de produção e a possibilidade do aproveitamento dos frutos de mútiplas formas.

Com a seleção e melhoramento do material para ser cultivado na Amazônia, a população de baixa renda regional poderá contar, a curto prazo, com a melhoria da sua dieta alimentar. A médio e longo prazos, é possível que o aumento das áreas cultivadas estimulem os agricultores a aproveitarem a matéria-prima para desenvolver a indústria caseira a nível agroindustrial.

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