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quinta-feira, 12 de junho de 2008

Carqueja Amarga

A carqueja teve a sua história intimamente ligada à do homem da Palestina e do Egito e se voltarmos as vistas para o nosso continente, encontramos também as "Carquejas", as "Arnicas", as "Candeias", e outras plantas medicinais como o "Coração de Jesus", sempre benquistas e usadas nas terapêuticas e nas práticas religiosas do homem pré-colombiano.
Digamos ainda que as compostas são cosmopolitas em grande parte, porque inventaram o pára-quedas e as aeronaves antes do bípede humano. As suas sementes, na maioria das espécies, são providas de papos filamentosos que funcionam como pára-quedas e aparelhos de transporte aéreo.
A carqueja possui inúmeros sinônimos dentro dos quais destacam-se: carqueja-amarga, bacanta, carqueja-amargosa, bacórida, carque, cacália-amarga, quina-de-condamine, vassoura, vassoura-de-botão, tiririca-de-babado.
A carqueja é uma planta que há muito tempo compõe o arsenal terapêutico, sendo conhecida como carqueja amarga. É originária da América do Sul, possivelmente do Brasil e cresce em terras secas, pedregosas à beira de estradas, também em lugares nos lugares úmidos, ribanceira de rios e regiões de campos.
Todas elas são arbustos de altura variável por volta de uma metro, caule lenhoso, e quase sem folhas. Apresentam flores amarelas ou brancas. Brota espontaneamente nos pastos. Para que se mantenha perene, cortam-se apenas as hastes, deixando as raízes intactas – para desta forma ela rebrotar com facilidade. É também chamada de carqueja - amarga e vassoura.
Cresce da Bahia ao Rio grande do Sul.
Possui inúmeras propriedades terapêuticas tais como: vermífuga, antiasmática, antidiarréica, tônica, febrífuga, depurativa, diurética, sudorífica, hepatoprotetora.
Entre os habitantes do campo e das cidades não há quem a dispense para debelar um desarranjo do estômago ou qualquer perturbação para a qual seja indicada.
Apesar de ser uma planta de uso popular bastante disseminado em toda América do Sul, não existem referências ao seu emprego pelas populações nativas.
Segundo Barros (1999), seu uso mágico está relacionado aos orixás Oxossi e Oxoguiã (Oxalá jovem), de natureza masculina e pertencendo ao elemento ar. Relata que é considerada planta de “grande poder”. Suas raras folhas são utilizadas em banhos, especialmente para melhorar a “sorte”.
Braecharis articulata Pers, também comum no Brasil meridional, que é uma daquelas que o povo chama "Carqueja" e que se caracterizam pela ausência de folhas, apenas caules com estipulas decorrentes por eles. A espécie referida é uma das que têm aspecto mais seco. Ela é muito ramificada, e recebe aqui e na Argentina, o mesmo nome vulgar.
O Dr Adolpho Doering, publicou estudos sob o título "Apuntes sobre la Composicion Química de algunas Plantas Tóxicas", no ano de 1915, no "Boletin de la Acad. Nac. de Ciencias de Córdoba" Vol xx págs, 295-350. Ele indicou como componentes químicos: "Ácidos Crisofânico", "Saponina", e "Absintina". Ao lado do primeiro refere a "Crisosaponina" e ao lado da segunda a "Glauco-saponina".
Considerando que a nossa flora indígena tem maior número de espécies de Baccharis do que qualquer outro país, pois cabem-lhe, das 300 referidas, para todo o mundo mais do que 50%, e sendo aqui comuns, especialmente, as espécies afins da B.articulata Pers. citada supra, isto é as conhecidas como "Carqueja", é de se esperar que haja muitas tóxicas entre elas.
Erva amargo resinoso aromática, que bem substituem a losna. Deve-se administrar o extrato na dispepsia, debilidade intestinal ou geral, anemia depois da perda de sangue; o modo de administração é em pílulas com o amarelo da casca de laranja.
"Esta planta amarga pode substituir muitas drogas deste gênero, vindas da Europa. Nasce em terras estéreis, e tem grande fama como tônico e anti-febril, também contra a debilidade do estômago, diarréia e afecções do fígado; recomendamos aos médicos o extrato de tintura, que é solúvel em água. O extrato dá-se na dose de 2 a 4 gramas.
Mecanismo de ação da carqueja
Princípios Ativos: óleo essencial, flavonóides, saponinas e resinas.
As várias espécies de carqueja são utilizadas no Brasil inteiro como tônicos – para fraqueza, anemia, inapetência -, no tratamento das doenças digestivas em geral – gastrite e má digestão, distúrbios do fígado e da vesícula biliar, verminoses, diarréias -; como depurativa e diurética, é empregada nos distúrbios dos rins e da bexiga, assim como no combate à gota - doença causada pelo acúmulo de ácido úrico no organismo, principalmente nas articulações - , ao reumatismo e às doenças venéreas em geral. Na Amazônia, Martins (1989) relata o seu uso no tratamento da esterelidade feminina e da impotência masculina.
Alonso (1998) cita que foram encontradas nas diferentes espécies de carqueja substâncias apresentando as seguintes atividades: antiulcerosa, antibacteriana, hepatoprotetora, hipoglicememiante, diurética, além de inibir o crescimento dos microorganismos responsáveis pela doença de Chagas e pela esquistossomose. Encontra-se em estudo para o tratamento da leucemia, pois possui também atividade antineoplásica.
De um modo geral a carqueja atua como tônico, eupéptico e diurético. Exerce uma ação benéfica sobre o fígado e intestinos, em decorrência de seus princípios amargos. Purifica e elimina as toxinas do sangue pela ação diurética que exerce. Além de ter uma propriedade hipoglicemiante, muito útil em casos de diabetes. Proporciona um bom funcionamento do intestino.
No mercado farmacêutico, encontram-se preparações in natura ou sob a forma de Extratos. Com a finalidade de estabelecer parâmetros de controle de qualidade para a produção de Extratos de Carqueja, foram testados os seguintes métodos: Resíduo seco, Índice de Amargor, Índice de Espuma. Para a caracterização do Extrato Referência (Turbolizado) foram empregados : Cromatografia em Camada delgada, PH, Teor Alcoólico, Teste de Saponificação. Para a comparação entre a extração por Turbolização e por Decocção foram empregados: Índice de Amargor, Resíduo Seco, Índice de Espuma. A Turbolização demonstrou ser mais eficaz do que a Decocção.
Indicações do uso da Carqueja
É indicada em casos de gastrite, má digestão, azia, cálculos biliares e constipação (prisão de ventre). Afecções gástricas e intestinais, dispepsias, afecções hepáticas e biliares (icterícea, cálculos biliares), diabetes, afecções das vias urinárias, verminose, afecções febris, enfermidades do baço.
Composição físico-químico da Carqueja
1000 g de folhas secas
g
Matéria cerácea
7,000
Clorofila e subs. gordurosa
23,900
Resina mole
32,000
Resina de cor escura e reações ácidas
20,000
Carquejina ou baccharina (subst. orgânica cristalizada e amarga)
8,280
Mat. extrativa amarga
12,370
Mat. extrativa insípida
6,690
Mat. extrativa sacarina
29,000
Tanino
15,000
Ácido tartárico
0,500
Malato de cal e sais inorgânicos
20,500
Albumina, dextrina, etc...
47,660
Mat. lenhosa, parenquimatosa e água
777,100
Contra-indicações
Não há referência de contra-indicações na literatura pesquisada. Em relação a gestação e lactação apesar de não existirem contra-indicações na literatura, não se aconselha seu uso sem orientação médica.

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