Quando uma Planta é Considerada Tóxica?
O extraordinário metabolismo das plantas, leva à produção de uma grande variedade de substâncias químicas. Algumas destas substâncias são comuns a todos os seres vivos, sendo usadas no crescimento, na reprodução e na manutenção do vegetal. No entanto, um grande número de compostos químicos produzidos pelos vegetais serve a outros propósitos. Os pigmentos (flavonóides, antocianinas e betalaínas) e os óleos essenciais (monoterpenos, sesquiterpenos e fenilpropanóides) atraem polinizadores, enquanto algumas outras substâncias como os taninos, as lactonas sesquiterpênicas, os alcalóides e os iridóides, além de apresentarem sabores desagradáveis, podem ser tóxicas e irritantes para outros organismos. Estas funcionam como dissuasórios alimentares, e protegem as plantas contra predadores e patógenos (Poser & Mentz, 2001).
Várias destas substâncias tóxicas podem causar graves envenenamentos em seres humanos ou em animais domésticos quando plantas que as contenham são ingeridas, ou quando entram em contato com a pele. No entanto, a simples presença destas substâncias em uma determinada espécie vegetal parece não ser suficiente para qualificá-la como tóxica.
1. Diferentes partes de uma mesma planta (raiz, caule, flores, frutos e sementes) freqüentemente contêm diferentes concentrações de substâncias químicas. Como exemplo pode-se citar a mamona, cujas sementes apresentam grandes quantidades da proteína tóxica ricina, enquanto as folhas apresentam apenas traços desta proteína (Scvartsman, 1979);
2. A idade da planta e o estado de amadurecimento dos frutos contribuem para a variabilidade das concentrações das substâncias. A escopolamina, por exemplo, é o principal alcalóide presente em espécimes jovens de saia-branca (Datura suaveolens L), enquanto a hiosciamina é predominante nas plantas mais velhas (Schvartsman, 1979). Os taninos estão, em geral, presentes em frutos verdes e praticamente ausentes nos frutos maduros;
3. Clima, solo e estação do ano alteram a síntese de alguns compostos. Existem relatos de cultivares diferentes da mesma espécie e variedade apresentando diferentes constituições de algumas substâncias;
4. Variedades da mesma espécie podem apresentar constituições químicas diferentes;
5. Patologias vegetais como ataques de fungos, ataques de bactérias e até mesmo a predação por herbívoros, podem induzir o vegetal a produzir substâncias que normalmente não produz;
6. Indivíduos diferentes apresentam diferentes taxas de sensibilização a certas substâncias vegetais. Isto ocorre, normalmente, com pessoas sensíveis a certas substâncias presentes nas anacardiáceas. Muitas pessoas são extremamente sensíveis, enquanto outras apresentam pouca sensibilidade, sendo necessárias várias exposições para que algum tipo de sensibilização ocorra;
7. A intoxicação pode estar limitada à quantidade de vegetal ingerido, ou à maneira de ingestão (bem ou mal mastigado). Algumas plantas da família Oxalidaceae, por exemplo, conhecidas como azedinhas, são normalmente ingeridas por crianças devido ao seu sabor levemente azedo, sem nenhum tipo de dano à saúde, porém se a quantidade ingerida for muito grande, desenvolve-se um quadro de intoxicação por oxalato de cálcio.
Alamanda
Nome científico: Allamanda cathartica L. Trepadeira arbustiva e latescente. Folhas 4-verticiladas, oblongas ou ovadas, acuminadas e glabras. Flores amarelas, fasciculadas, axilares e campanuladas. Fruto cápsula bivalve, contendo poucas sementes.
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Aroeira
Nome científico: Lithraea molleoides (Vell.) Engl. Nome popular: aroeira-branca Família botânica: Anacardiaceae Arbusto ou árvore pequena, de 7m de altura, caule tortuoso e casca pardo-vermelho-escura, muito fendida. Folhas alternas, alado-pecioladas, compostas, com três a cinco folíolos sésseis, oblongo-espatulados, coriáceos, glabros. Flores verde-amareladas, pequenas, pubescentes, dispostas em panículas. Fruto drupa globosa branco-esverdeada.
As espécies conhecidas popularmente como aroeiras são freqüentemente citadas na literatura por causar intoxicações. O contato de pessoas suscetíveis com estas plantas causa reações de sensibilidade cutânea. Os componentes alergenios responsáveis por estas reações estão dentro de um grupo de substâncias denominadas coletivamente de urushiois. Não existem antídotos e o tratamento é apenas sintomático.
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Azedinha
Nome científico: Oxalis sp. Nomes populares: trevo, azedinha Família Botânica: Oxalidaceae Gênero composto por ervas caulescentes ou acaules. Folhas compostas, geralmente trifolioalares. Flores solitárias ou dispostas em umbelas, amarelas, brancas ou róseas. Fruto geralmente capsular, ovóide. Encontradas preferencialmente em lugares úmidos ou frescos, sendo consideradas "pragas" nos jardins.
Plantas da família Oxalidaceae são tóxicas se ingeridas em grandes quantidades. A intoxicação é decorrente da formação de oxalato de cálcio a partir do ácido oxálico solúvel presente nas folhas. A ingestão desencadeia primariamente vômitos, diarréia e dores abdominais resultantes da ação irritante do ácido oxálico nas mucosas digestivas e intestinais. O quadro pode ser agravado pelo desencadeamento da hipocalcemia e de lesões renais. O tratamento é apenas sintomático.
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Buchinha
Nome científico: Luffa operculata Cogn. Trepadeira de caule 5-anguloso, gavinhas simples ou bífidas, compridas e vilosas. Folhas longo-pecioladas, cordiformes ou reniformes, angulosas ou lobadas (3-5 lobos), um pouco ásperas. Flores amarelas, campanuladas, pequenas, axilares. Frutos ovóides, moles, pequenos, ásperos e com pequenas nervuras ou saliências espinescentes e seriados. Sementes compridas, lisas, com as margens regulares, sem alas.
A buchinha apresenta uma série de usos populares. O infuso do fruto é utilizado empiricamente no tratamento da sinusite, ocasionando, muitas vezes, hemorragias nasais. A ingestão do chá leva a sintomas caracterizados por náuseas, vômitos, dores abdominais e hemorragias que podem levar ao aborto e à morte. Acredita-se que o princípio tóxico seja a cucurbitacina B. Não existem antídotos específicos e o tratamento é apenas sintomático.
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Chapéu-de-Napoleão
Nome científico: Thevetia peruviana (Pers.) Schum. Arbusto ornamental, latescente, glabro. Folhas alternas, curto-pecioladas, coriáceas, inteiras, lanceoladas, com ápice acuminado, bordos revolutos. Flores amarelas, vistosas e perfumadas, dispostas em cimeiras terminais. Frutos drupas carnosas, pêndulos, triangulares, achatados, de cor roxo-negra quando maduros, contendo duas sementes grandes, trigonas, revestidas por endocarpo duro. Ocorre também a variedade leucantha de flores brancas ou róseas.
Os casos com o chapéu-de-napoleão estão relacionados à ingestão de suas sementes por crianças entre 6 e 12 anos. Os sintomas iniciam-se com vômitos e diarréias, podendo ocorrer distúrbios cardiovasculares devido à presença de glicosídeos cardíacos. O tratamento é apenas sintomático.
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Charuto-do-rei
Nome científico: Nicotiana glauca Graham Arbusto ereto, racemoso e glabro, caule de 6m de altura, ramos ascendentes e glaucos. Folhas longo-pecioladas, irregularmente cordiformes ou ovadas, de 17cm de comprimento e 10cm de largura, inteiras e glaucas. Flores abundantes, tubulosas, branco-esverdeadas, grandes, dispostas em panículas terminais, freqüentemente pêndulas. Fruto cápsula bilocular.
Os casos com o charuto-do-rei estão relacionados à ingestão da planta devido à errônea identificação da mesma, a qual é freqüentemente confundida com a espécie comestível couve. Os intoxicados são em geral adultos. O princípio tóxico é a anabasina, alcalóide de ação semelhante à da nicotina. Os sintomas começam com náuseas, vômitos, dores abdominais e diarréias, seguidos de bloqueios musculares, paradas respiratórias e morte. Não existem antídotos específicos, e o tratamento é apenas sintomático.
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Comigo-ninguém-pode
Nome científico:Dieffenbachia picta Schott. Planta de porte regular, 2m de altura e caule tortuoso. Folhas oblongo-elípticas ou oblongo-lanceoladas, verdes, com máculas brancacentas irregulares. Flores dispostas em espádice, com as flores masculinas ocupando a porção superior da inflorescência. Frutos bagas vermelho-alaranjadas.
A comigo-ninguém-pode é grande causadora de intoxicações, afetando principalmente crianças entre 0 e 6 anos através da ingestão acidental das folhas. Os principais sintomas são: salivação abundante, dores na boca, na língua e nos lábios e edema das mucosas. Os princípios tóxicos ainda não estão bem esclarecidos, porém admite-se a participação dos cristais de oxalato de cálcio na forma de agulhas e de uma enzima proteolítica semelhante à tripsina. Não existem antídotos específicos, sendo o tratamento apenas sintomático.
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Coroa-de-Cristo
Nome Ciêntífico: Euphorbia millii Des Moulins Arbusto perene, latescente, com 1,5m de altura, muito ramificado, com ramos compridos e contorcidos, armados de numerosos espinhos com 2,5cm de comprimento. Folhas alternas, simples, inteiras, ovoladas ou espatuladas, glabras, membranosas, curto pecioladas. Flores unissexuais, reunidas em inflorescências tipo ciátio, longo-pedunculadas com brácteas vermelhas e invólucro campanulado com cinco glândulas apicais. Fruto cápsula tricoca.
Intoxicações com a coroa-de-cristo afetam crianças e adultos pelo contato do látex com a pele e com as mucosas. A toxidez é causada por uma complexa mistura de ésteres de forbol de diterpenos tetracíclicos que possuem atividade inflamatória. Os principais sintomas nos casos de ingestão são: dores abdominais, náuseas, vômitos e diarréias; nos casos de contato com o látex: vermelhidão, inchaço, dor e necrose dos tecidos.O tratamento é sintomático. |
Coroa-Imperial
Nome Científico: Haemanthus katharinae Baker Nomes populares: coroa-imperial, diadema-real Sinonímia botânica: Scadoxus multiflorus (Martyn) Raf. Família Botânica: Amaryllidaceae Planta de bulbo grande, tunicado, emitindo de quatro a cinco folhas curto-pecioladas (pecíolo com máculas). Folhas compridas, oblongas, obtusas, membranosas, pedúnculo floral vigoroso e compacto. Flores de perianto e estames com filetes vermelho-escuros, dispostas em umbelas compactas. Fruto cápsula globosa.
A coroa-imperial faz parte da família Amaryllidaceae. Esta família é freqüentemente citada na literatura por causar intoxicações. Os acidentes geralmente ocorrem devido à ingestão do bulbo de algumas espécies. Os sintomas são caracterizados por vômitos, diarréia, colapso geral e morte devido à paralisia do sistema nervoso central. Os princípios tóxicos são os alcalóides licorina e galantamina, que se acumulam principalmente nos bulbos. A licorina atua no sistema nervoso central, enquanto a galantamina inibe a acetilcolinesterase. O tratamento é apenas sintomático.
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Erva-de-rato
Nome científico: Palicourea marcgravii A. St. Hil. Nomes populares: erva-de-rato, café-bravo, cotó-cotó, tangará-açu Arbusto 2m de altura, ramos secundários cilíndricos, os terminais compridos, angulosos, delgados, de cor vermelha escura ao secar, glabros ou levemente pubescentes na parte superior, estípulas agudas, triangulares, soldadas na base. Folhas curto-pecioladas, pubescentes quando novas, opostas, oblongas, longamente acuminadas na parte superior. Inflorescências em panícula, com flores tubulosas amareladas na base e azul-arroxeadas na parte superior. Frutos bagas biloculares de início avermelhados e depois arroxeados.
A erva-de-rato é a principal causadora de envenenamentos do gado brasileiro. Porém, esporadicamente podem ocorrer casos com seres humanos. O ácido monofluroacético é o princípio tóxico. Ele causa descoordenação motora, crises convulsivas, torpor e morte. O tratamento é sintomático.
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Hera
Nome científico: Ficus pumila L. Nome popular: hera-miúda Família Botânica: Moraceae Trepadeira lenhosa de caules numerosos e delicados, muito ramificados e aderentes às paredes pelas suas abundantes raízes adventícias. Folhas alternas, sendo as dos ramos jovens subsésseis e menores, largo-ovaladas cordiformes na base; as dos ramos adultos ou floríferos são pecioladas, elípticas e coriáceas. Futos em forma de figos ovóides.
A hera pertence á família Moraceae. Esta família é constantemente relatada na literatura pelo fato de muitos dos seus membros causarem fitodermatites. Porém, a hera é pouco relatada na literatura toxicológica. Entretanto, pode-se admitir que, a exemplo de várias outras moráceas, esta espécie apresenta furanocumarinas responsáveis pelo desenvolvimento de fotodermatites.
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Mamona
Nome científico: Ricinus communis L. Arbusto com 2,5m de altura, caule ramificado, coloração verde ou avermelhada. Folhas simples, longo-pecioladas, palmatilobadas com 7 a 11 lobos de bordos serrados e ápice acuminado. Flores em racemos terminais, com flores femininas ocupando a porção superior da inflorescência. Frutos cápsulas tricocas, espinhosas, triloculares, com uma semente em cada lóculo. Sementes lisas, brilhantes, negras com manchas brancas.
Intoxicações com mamona afetam crianças entre 6 e 12 anos principalmente pela ingestão das sementes. O princípio tóxico é a ricina, que é uma proteína inibidora de ribossomo, e causa a morte celular por paralisação da maquinaria protéica celular. Os sintomas são tardios aparecendo várias horas após a ingestão das sementes. Caracterizam-se por náuseas, vômitos e diarréia sanguinolenta. O tratamento é sintomático.
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Pinhão-paraguaio
Nome científico: Jatropha curcas L. Arbusto com 4m de altura, latescente. Folhas alternas, longo-pecioladas, cordiformes, levemente lobadas, com cinco lobos. Flores unissexuadas, pequenas, pentâmeras, amarelo-esverdeadas em panículas terminais ou axilares e com as flores masculinas ocupando as extremidades superiores dos ramos. Frutos cápsulas tricocas, coriáceas, lisas com três sementes lisas e escuras.
O pinhão-paraguaio é grande causador de intoxicações, principalmente em crianças entre 6 e 12 anos pela ingestão das sementes.A toxidez é causada por uma complexa mistura de ésteres de forbol de diterpenos tetracíclicos que possuem atividade inflamatória. Os principais sintomas são: dores abdominais, náuseas, vômitos e diarréias. O tratamento é sintomático.
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Saia-branca
Nome científico: Datura suaveolens H. et B. ex Willd. Arbusto perene, de 3m de altura, de caule ramoso com lenticelas. Folhas alternas, curto-pecioladas, inteiras, ovado-oblongas, assimétricas na base, de margem inteira e levemente sinuada, de até 30cm de comprimento. Flores brancas a amarelo-creme, pendentes, ca. 30cm de comprimento, cálice tubular, pentâmero. Fruto capsular, indeiscente e fusiforme.
A saia-branca é causadora de graves intoxicações. A ingestão de suas folhas e/ou flores, bem como a preparação de chás a partir das folhas, podem levar a sintomas como: confusão mental, midríase, comportamento agressivo, alucinações, distúrbios cardiovasculares e respiratórios.Pode ocorrer coma e morte. Os princípios tóxicos são os alcalóides escopolamina e hiosciamina, que atuam nos sistemas nervoso central e parassimpático, respectivamente. O tratamento é inicialmente sintomático e completado com a administração de fisiostigmina.
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Espirradeira
Nome científico: Nerium oleander Família Botânica: Apocynaceae Outros nomes populares: espirradeira, oleandro, flor-de-são-josé, loureiro-rosa e loandro-da-índia. Sinonímia botânica: Nerium florindum Salisb., Nerium grandiflorum Desf., Nerium lauriforme Lam., Nerium spender Hort., Oleander vulgaris Medic. Descrição botânica: planta arbustiva que atinge até mais de 2 metros de altura, produz caule e ramos lenhoso com flores esquias, verde acinzentadas, em forma de lanças. Floresce no verão ou no início do outono; sua flores são presas a cachos que nascem nas pontas dos ramos e o colorido varia em tons de: rosa, amarelo, vermelho e branco. Seus frutos possuem sementes revestidas de pelos.
Partes e princípio tóxico: toda a planta é tóxica (mesmo depois de morta), contém glicosídeos cianogênicos; alcalóides; estrofantina, de ação paralisante sobre o coração. Sintomas: náuseas, vômitos, cólicas agudas, diarréia muco-sangüinolenta; os sintomas cardíacos podem variar desde taquicardia e bradicardia, que podem ocorrer um seguido ao outro, sucessivamente; fraqueza, depressão e colapso terminal ocorrer associados a cianose, angustia respiratória, tonturas, midríase, sonolência, torpor, coma e morte. Dose letal: 0,18 g da planta pode causar a morte de um homem de 80kg. Cerca de 15-20g, pode matar um bovino ou um eqüino. Existem casos registrado de morte de humanos em decorrência de intoxicação. |
QUANTO PERIGO CORREMOS,SEM SABER AO COLHER CERTAS FLORZINHAS TÃO BONITINHAS,VALEU O ESCLARECIMENTO,PARABENS!
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