Conhecido por suas propriedades fitoterápicas no combate aos problemas respiratórios, na forma de chás e xaropes espectorantes, o guaco - erva nativa da Mata Atlântica com alta concentração de cumarina - pode, a médio prazo, começar a ser empregado contra inúmeros outros males. Estudando a planta desde 1999 com a ajuda de financiamentos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a pesquisadora Vera Lúcia Garcia Rehder, do Centro Pluridisciplinar de Pesquisas Químicas, Biológicas e Agrícolas (CPQBA) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), vem conseguindo importantes avanços na descoberta de novas aplicações para o guaco.
Química de formação, Vera integra uma equipe composta, ainda, por farmacólogos - entre eles o Dr. João Ernesto de Carvalho - e pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Unicamp, como Jaime Cury e Pedro Rosalen. "Uma das descobertas aponta que o guaco é muito mais eficiente no combate à úlcera gástrica do que inúmeras outras plantas utilizadas regularmente na composição de medicamentos para a doença", conta Vera. Isso porque os extratos e a cumarina presentes na planta bloqueiam os receptores do neurotransmissor acetilcolina, diminuindo a secreção de ácido produzida pelo estômago. O mecanismo de ação é semelhante ao que ocorre no sistema respiratório - o bloqueio aos mesmos receptores provoca a broncodilatação e a diminuição da secreção brônquica.
Neste caso, a espécie utilizada é a Mikania laevigata. "Existem dois tipos de guacos que, apesar de serem fisicamente muito parecidos, possuem composições químicas bastante diferentes", explica a pesquisadora. Após ensaios microbiológicos com vários tipos de bactérias para verificar a ação das plantas e extratos sobre elas, concluiu-se que, além das atividades respiratórias e antiulcerogênica, este tipo de guaco também inibe o crescimento dos microorganismos responsáveis pelo desenvolvimento de cáries, da placa dental e da gengivite. "A outra espécie de guaco - conhecida como Mikania glomerata- não mostrou reações tão eficientes contra a úlcera. Isso porque ela possui quantidades muito pequenas de cumarina", diz Vera.
Duas espécies
Em compensação, as duas espécies estão sendo testadas para o combate ao câncer, sem apresentar diferenças importantes - já que os princípios ativos, ácidos diterpêrnicos, aparecem em ambas. "Estamos na fase dos ensaios in vitro para analisar nove linhagens tumorais - mama, mama resistente a medicamentos conhecidos, melanona (pele), próstata, cólon, leucemia, ovário, rins e pulmão", conta a pesquisadora, revelando que o melhor resultado foi obtido no caso do melanona, onde a morte das células tumorais humanas chegou a 78%. Nos demais tumores, o índice ficou entre 40 e 50%.
Vera explica que, apesar dos resultados positivos, os testes estão apenas começando. "Daí até a confecção de um medicamento pode demorar muitos anos", diz. "Existe, ainda, a preocupação quanto à toxicidade e o conseqüente poder de ação do guaco sobre as células. Como ele tanto inibe o crescimento das células contaminadas quanto as destrói, há a possibilidade de que aja também sobre as sadias. Esse é, atualmente, nosso maior desafio." No caso de uma droga contra a úlcera, a pesquisadora diz que o caminho pode ser mais curto, uma vez que os testes em animais já foram concluídos. "Faltam apenas os experimentos em seres humanos. Para isso, estamos buscando parcerias com indústrias que tenham interesse em colocar o produto no mercado."
Química de formação, Vera integra uma equipe composta, ainda, por farmacólogos - entre eles o Dr. João Ernesto de Carvalho - e pesquisadores da Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Unicamp, como Jaime Cury e Pedro Rosalen. "Uma das descobertas aponta que o guaco é muito mais eficiente no combate à úlcera gástrica do que inúmeras outras plantas utilizadas regularmente na composição de medicamentos para a doença", conta Vera. Isso porque os extratos e a cumarina presentes na planta bloqueiam os receptores do neurotransmissor acetilcolina, diminuindo a secreção de ácido produzida pelo estômago. O mecanismo de ação é semelhante ao que ocorre no sistema respiratório - o bloqueio aos mesmos receptores provoca a broncodilatação e a diminuição da secreção brônquica.
Neste caso, a espécie utilizada é a Mikania laevigata. "Existem dois tipos de guacos que, apesar de serem fisicamente muito parecidos, possuem composições químicas bastante diferentes", explica a pesquisadora. Após ensaios microbiológicos com vários tipos de bactérias para verificar a ação das plantas e extratos sobre elas, concluiu-se que, além das atividades respiratórias e antiulcerogênica, este tipo de guaco também inibe o crescimento dos microorganismos responsáveis pelo desenvolvimento de cáries, da placa dental e da gengivite. "A outra espécie de guaco - conhecida como Mikania glomerata- não mostrou reações tão eficientes contra a úlcera. Isso porque ela possui quantidades muito pequenas de cumarina", diz Vera.
Duas espécies
Em compensação, as duas espécies estão sendo testadas para o combate ao câncer, sem apresentar diferenças importantes - já que os princípios ativos, ácidos diterpêrnicos, aparecem em ambas. "Estamos na fase dos ensaios in vitro para analisar nove linhagens tumorais - mama, mama resistente a medicamentos conhecidos, melanona (pele), próstata, cólon, leucemia, ovário, rins e pulmão", conta a pesquisadora, revelando que o melhor resultado foi obtido no caso do melanona, onde a morte das células tumorais humanas chegou a 78%. Nos demais tumores, o índice ficou entre 40 e 50%.
Vera explica que, apesar dos resultados positivos, os testes estão apenas começando. "Daí até a confecção de um medicamento pode demorar muitos anos", diz. "Existe, ainda, a preocupação quanto à toxicidade e o conseqüente poder de ação do guaco sobre as células. Como ele tanto inibe o crescimento das células contaminadas quanto as destrói, há a possibilidade de que aja também sobre as sadias. Esse é, atualmente, nosso maior desafio." No caso de uma droga contra a úlcera, a pesquisadora diz que o caminho pode ser mais curto, uma vez que os testes em animais já foram concluídos. "Faltam apenas os experimentos em seres humanos. Para isso, estamos buscando parcerias com indústrias que tenham interesse em colocar o produto no mercado."
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