A planta que você vê na foto floresceu na época que existiam mamutes e rinocerontes peludos. Como isso é possível?
A explicação é simples, mas as circunstâncias são sem precedentes. Os frutos que deram origem às flores caíram na terra durante o Pleistoceno tardio. Eles foram capturados por um esquilo de forrageamento, ficando escondido no subsolo e, posteriormente, enterrado no gelo. Agora, quase de 32.000 anos depois, os frutos foram revivificados, dando origem a um dos anacronismos mais incríveis do mundo biológico.
É importante ressaltar que as antigas sementes congeladas foram encontradas antes, sendo cultivadas normalmente. O que torna esta flor do ártico (com nome científico de Silene stenophylla) tão impressionante é justamente sua idade. A datação por radiocarbono indica que o fruto que gerou essa planta havia sido escondido na tundra no nordeste da Sibéria há exatos 31.800 anos. Essa marca bate todos os recordes conhecidos que, até então, era ocupado por uma semente de palmeira que resistiu por 30 mil anos.
O fruto que deu origem a essas flores começaram sua jornada nas patas de um esquilo. Os esquilos gostam de acumular coisas – de alimentos, para ser mais preciso. Isso é tão verdadeiro hoje como há 30 mil anos. Assim, quando uma equipe de investigadores liderada por David Gilichinsky, decidiram buscar despojos de esquilos antigos ao longo das margens do rio Kolyma na Rússia, encontraram tocas, algumas contendo mais de 600.000 mil sementes e frutos.
Esses estoques foram preservados em torno de – 7 ºC desde que foram enterrados. As “sepulturas” ficaram sob camadas e camadas de gelo permanente, o que impedia os frutos e sementes de contato com o ar ou calor adequado.
Incrivelmente, quando o pesquisador Svetlana Yashina extraiu material dos frutos recuperados, eles foram capazes de persuadir o tecido, produzindo raízes e parte aérea. A placenta é o local onde as sementes da fruta anexam e recebem nutrientes, identificada na foto ao lado como P na imagem A. Na imagem B é possível observar as sementes anexadas. A pesquisadora então colocou as sementes em um vaso e esperou. Um ano mais tarde, as flores surgiram. A planta deu fruto a partir da semente de quase 32 mil anos.
Os pesquisadores consideram as descobertas como provas irrefutáveis da existência de anacronismo biológicos que podem ser guardados em camadas de gelo sob o solo. Estima-se que 1/5 da superfície da Terra esteja nessa situação de congelamento. Os pesquisadores dizem que este tipo de mecanismo pode ser uma proteção da natureza, fazendo “estoques”, como lojas naturais, exatamente como atua o Cofre Global de Sementes, localizado em Svalbard na Noruega.
“Naturalmente que ocorrem sedimentos permanentemente congelados e isso oferece uma oportunidade importante para a descoberta de espécies de plantas selvagens, preservação de material biológico, nos fornecendo dados para estudar a criopreservação e desenvolvimento de coleções de germoplasma”, declararam os cientistas na edição de hoje, 21, da Proceedings of the National Academy Science.
“Consideramos que é essencial continuar nossos estudos em áreas geladas em busca de um pool genético antigo ou de vida preexistente que hipoteticamente já desapareceu da superfície da Terra há milênios”, concluíram.
Osmairo Valverde da redação de Brasília
fonte:http://www.jornalciencia.com/meio-ambiente/diversos/1448-silene-stenophylla-planta-de-31800-anos
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